Até a Última Gota (Netflix): o que esse filme tem a nos ensinar sobre escuta, cuidado e colapso emocional?
Quantas vezes essa pergunta é feita apenas por educação, sem a intenção real de ouvir a resposta?
O filme Até a Última Gota, dirigido por Tyler Perry e disponível na Netflix, nos confronta com essa pergunta — e com o silêncio ensurdecedor que tantas pessoas carregam.
A protagonista é uma mulher negra, mãe solo, que cuida de uma filha com deficiência. Ela enfrenta uma série de violências cotidianas: sobrecarga, solidão, abandono afetivo, racismo e pressão social.
Tudo isso vai se acumulando… até que o colapso explode em rede nacional.
O que o filme revela?
Desde as primeiras cenas, a sonoridade da dor e da exaustão toma conta da tela.
É um filme sobre o silêncio de quem não é ouvido.
Sobre o que acontece quando ninguém percebe o pedido de socorro que não vem em palavras.
Mas também é um filme sobre o poder da escuta — mesmo quando chega tarde. Quem escolhe escutar muda a história.
A amiga, que percebe os sinais.
A detetive, que enxerga a mulher além do rótulo.
A gerente do banco, que, com calma, escuta, acolhe e tenta evitar o pior.
E depois, a população, que, ao ouvir sua fala ao vivo durante o cerco policial, se mobiliza, se solidariza, oferece apoio e humanidade.
O acolhimento coletivo transforma. A escuta empática salva. Exaustão não é fraqueza. É um alerta.
O colapso da protagonista não é uma falha individual.
É o retrato de uma sociedade que sobrecarrega mulheres, silencia a dor emocional e invisibiliza o sofrimento — especialmente o das mulheres negras e cuidadoras.
Para quem é da escuta profissional…
Psicólogos/as, assistentes sociais, educadores/as, conselheiros/as — o filme é um lembrete de que:
Nem todo sofrimento se mostra de forma clara.
Nem toda dor grita.
E nem sempre quem precisa de ajuda sabe pedir.
O que levamos para a prática?
A importância de ouvir para além do óbvio
A responsabilidade de não normalizar o sofrimento cotidiano
O compromisso com a escuta ética, sensível e sem julgamento
O dever de estar presente quando todos se afastam
E para além da profissão?
Levamos a certeza de que nossa escuta pode ser o ponto de virada na vida de alguém.
Às vezes, basta isso: enxergar, escutar, se importar.
Te convido:
A assistir esse filme com olhar crítico.
A refletir sobre como você — profissional ou não — pode oferecer escuta verdadeira.
A lembrar, todos os dias, que:
Eu te enxergo.
Eu te escuto.
Eu me importo.
Vamos conversar?
Você também foi impactado/a por esse filme?
O que ele te ensinou sobre escuta e humanidade?
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