🎬 Um Pai para Lily: quando o cuidado vem de onde menos se espera



Entre vínculos rompidos e laços reconstruídos

Em “Um Pai para Lily” (título original Bob Trevino Likes It), somos conduzidos por uma narrativa delicada, comovente e, ao mesmo tempo, profundamente crítica: o abandono afetivo, a solidão emocional e o poder transformador de um vínculo inesperado.


Lily Trevino, jovem e determinada, carrega uma ferida silenciosa: a presença ausente do pai biológico. Ainda vivendo com ele, convive com rejeições sutis e explícitas, silêncios constrangedores e a dor de não ser acolhida emocionalmente. O que deveria ser uma relação de cuidado se tornou uma convivência marcada pela indiferença.


Mas o que acontece quando a falta se torna tão intensa que buscamos afeto em qualquer lugar?


Um pedido de amizade que muda tudo


Em uma tentativa de reconexão, Lily procura o pai nas redes sociais. Ao adicionar por engano o “Bob Trevino errado”, inicia, sem querer, um vínculo transformador. O novo Bob — carismático, gentil e disponível — oferece a ela algo que o pai nunca conseguiu: escuta, presença e afeto real.


Esse vínculo, inicialmente virtual, cresce e se transforma em uma relação de cuidado genuíno. E é aqui que o filme nos mostra que os laços que curam não precisam ser biológicos. Eles nascem da escuta, do respeito, da disponibilidade emocional.


Cuidado como responsabilidade humana


O cuidado, que no contexto familiar é muitas vezes naturalizado e esperado, é também uma construção social e relacional. No caso de Lily, ele surgiu do afeto intencional de um homem que nada tinha a ver com sua história, mas que escolheu estar presente.


O filme nos provoca a refletir:

Quantas pessoas vivem com vínculos ausentes e silenciosamente adoecem por isso?

Quantas Lily’s estão nos nossos territórios de atuação, convivendo com presenças frias e afetos negados?


Serviço Social e os vínculos de pertencimento


No campo do Serviço Social, esse filme é uma excelente ferramenta de sensibilização e debate. Ele nos convida a refletir sobre:


O impacto do abandono afetivo e da negligência emocional;

A potência das redes de apoio não convencionais;

A importância de reconhecer vínculos afetivos fora da estrutura biológica;

O cuidado como estratégia de proteção e saúde mental.

Esses temas são especialmente relevantes em contextos de acolhimento institucional, atendimento psicossocial, adolescência em vulnerabilidade, e em todos os serviços que lidam com famílias e vínculos rompidos.


Cuidar é ato político


Quando Bob decide acolher Lily, ele não está apenas sendo “legal”. Ele está rompendo com o modelo individualista, patriarcal e excludente de afeto e convivência.

Ele simboliza o pai possível. O vínculo que transforma. O apoio que pode surgir mesmo fora do esperado.


Para profissionais da rede: como utilizar o filme


Em rodas de conversa com adolescentes e jovens:

Fale sobre abandono, cuidado e construção de vínculos afetivos.


Em oficinas com famílias:

Provoque reflexões sobre o que é cuidado, escuta e presença.


Para formação de equipes:

Estimule o olhar para redes de apoio não convencionais, acolhimento e saúde emocional.


“Um Pai para Lily” é mais do que um drama baseado em fatos reais. É um chamado à empatia.

Um lembrete de que o cuidado pode — e deve — surgir em todos os cantos onde houver presença, escuta e vínculo.


No Serviço Social, cuidar é também reconhecer vínculos invisibilizados e transformá-los em potência.


Se você gostou dessa reflexão, compartilhe com sua equipe.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Até a Última Gota (Netflix): o que esse filme tem a nos ensinar sobre escuta, cuidado e colapso emocional?

Análise: Precisamos Falar Sobre Kevin (2011)

🎥 Análise: Preciosa - Uma História de Esperança (2009)