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Filme “Querido Menino” e o desafio de compreender o sofrimento invisível

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O filme Querido Menino não é sobre fracasso. É sobre amor, limites, recaídas e o desespero de tentar salvar alguém que a gente ama... de si mesmo. Baseado em uma história real, ele acompanha Nic , um jovem com dependência química, e seu pai David , que faz de tudo para ajudá-lo. Mas a grande dor é perceber que nem sempre o amor basta – e que nem toda dor é visível . O que o filme nos ensina? 1. O sofrimento emocional pode ser silencioso. Nic é inteligente, sensível e tem apoio familiar. Ainda assim, busca nas drogas um alívio para a dor que nem ele compreende. 📌 Como profissionais, precisamos estar atentos aos sinais invisíveis de sofrimento: mudanças de comportamento, isolamento, os “eu estou bem” ditos em tom vazio. 2. A recaída não é fracasso – é parte do processo. O filme mostra que a recuperação não é linear . É feita de avanços e quedas. E exige mais do que força de vontade: exige rede de apoio, tratamento contínuo, escuta e tempo . 3. Cuidar não é controlar. David ...

"Um Filho" e os desafios da alienação parental e da saúde mental adolescente

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  O filme "Um Filho" (The Son, 2022), retrata a dolorosa jornada de Nicholas, um adolescente que sofre com a depressão silenciosa e o peso das ausências emocionais em sua vida. A atuação visceral de James McAvoy e a abordagem sensível do diretor Florian Zeller nos convidam a refletir sobre questões que muitas vezes são invisíveis, mas extremamente impactantes. 🗣️ Em uma das falas do filme, Nicholas diz: "Minha mãe diz que meu pai não se importa comigo." Esta frase é um claro indicativo de alienação parental, que ocorre quando um dos genitores, de maneira consciente ou inconsciente, interfere na relação da criança com o outro genitor. A consequência? A criança ou adolescente começa a internalizar uma visão distorcida do outro responsável, o que pode afetar profundamente sua autoestima, seu comportamento e seu desenvolvimento emocional. ⚠️ O impacto da alienação parental na saúde mental: Quando essa interferência emocional se soma à depressão, o resultado pode ser de...

🎬 Um Pai para Lily: quando o cuidado vem de onde menos se espera

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Entre vínculos rompidos e laços reconstruídos Em “Um Pai para Lily” (título original Bob Trevino Likes It), somos conduzidos por uma narrativa delicada, comovente e, ao mesmo tempo, profundamente crítica: o abandono afetivo, a solidão emocional e o poder transformador de um vínculo inesperado. Lily Trevino, jovem e determinada, carrega uma ferida silenciosa: a presença ausente do pai biológico. Ainda vivendo com ele, convive com rejeições sutis e explícitas, silêncios constrangedores e a dor de não ser acolhida emocionalmente. O que deveria ser uma relação de cuidado se tornou uma convivência marcada pela indiferença. Mas o que acontece quando a falta se torna tão intensa que buscamos afeto em qualquer lugar? Um pedido de amizade que muda tudo Em uma tentativa de reconexão, Lily procura o pai nas redes sociais. Ao adicionar por engano o “Bob Trevino errado”, inicia, sem querer, um vínculo transformador. O novo Bob — carismático, gentil e disponível — oferece a ela algo que o pai nunca ...

“Nossos Tempos” (Netflix, 2025)

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  1. Viagem no tempo e seus dilemas sociais Em “Nossos Tempos”, a protagonista Nora e seu marido Héctor, ambos físicos, viajam de 1966 para 2025. Enquanto Héctor enfrenta dificuldades para se adaptar, Nora se destaca e cria novos caminhos . Essa narrativa traz à tona o choque entre velhos paradigmas e novos tempos – um paralelo potente com as mudanças sociais (educação, gênero, direitos humanos) que precisamos enfrentar até hoje. 2. Mulher na ciência: superação, protagonismo e visualização Nora representa muitas cientistas: mesmo com talento e coragem, herda barreiras de gênero e invisibilização histórica. Seu protagonismo em 2025 demonstra: A persistência feminina diante da discriminação; A construção de novos espaços de reconhecimento profissional; O retrato das dificuldades que muitas mulheres ainda enfrentam no meio acadêmico e científico; 3. Valorização feminina e representatividade O filme dá voz à autonomia feminina frente aos contextos que limitam — sejam eles reconhecidos...

Até a Última Gota (Netflix): o que esse filme tem a nos ensinar sobre escuta, cuidado e colapso emocional?

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  “Você está bem?” Quantas vezes essa pergunta é feita apenas por educação, sem a intenção real de ouvir a resposta? O filme Até a Última Gota, dirigido por Tyler Perry e disponível na Netflix, nos confronta com essa pergunta — e com o silêncio ensurdecedor que tantas pessoas carregam. A protagonista é uma mulher negra, mãe solo, que cuida de uma filha com deficiência. Ela enfrenta uma série de violências cotidianas: sobrecarga, solidão, abandono afetivo, racismo e pressão social. Tudo isso vai se acumulando… até que o colapso explode em rede nacional. O que o filme revela? Desde as primeiras cenas, a sonoridade da dor e da exaustão toma conta da tela. É um filme sobre o silêncio de quem não é ouvido. Sobre o que acontece quando ninguém percebe o pedido de socorro que não vem em palavras. Mas também é um filme sobre o poder da escuta — mesmo quando chega tarde. Quem escolhe escutar muda a história. A amiga, que percebe os sinais. A detetive, que enxerga a mulher além do rótulo. A g...

Adolescência, além dos muros: o que a série da Netflix revela sobre a dor silenciosa das famílias

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Ontem assisti à série Adolescência , da Netflix. Do início ao fim, ela é angustiante. Apesar da minha experiência atuando em unidades socioeducativas — femininas e masculinas —, a série me confrontou com algo que raramente conseguimos enxergar de forma integral no cotidiano institucional: a vivência das famílias, especialmente das mães, que permanecem do lado de fora, mas sentem a dor tão intensamente quanto quem está privado de liberdade. Na prática profissional como assistente social, lidamos com os adolescentes, com os prontuários, com as medidas, com a reintegração. Mas muitas vezes, mesmo nos nossos melhores esforços, a família aparece de forma fragmentada: como visita, como responsável legal, como contexto social. Difícil é ver — ou ter tempo para ver — a complexidade do sofrimento emocional dessas famílias. Na série, a família de Jamie não tenta apenas entender o que aconteceu. Ela busca, o tempo todo, justificar ausências, encontrar falhas em si mesma, assumir culpas que tal...

Mãe Sempre Sabe? – Um convite à escuta, acolhimento e prática profissional com propósito

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  Por que precisamos falar sobre acolhimento familiar e diversidade no Serviço Social Vivemos em um tempo em que as vozes LGBTQIAPN+ ecoam com mais força, mas ainda enfrentam silêncios pesados — principalmente dentro das próprias famílias. O livro “Mãe Sempre Sabe?” , de Edith Modesto, nos apresenta relatos reais, tocantes e muitas vezes dolorosos de mães que vivenciaram a descoberta da orientação sexual de seus filhos e filhas. Algumas com acolhimento imediato. Outras com medo, culpa, rejeição ou processos longos de negação. O título é uma provocação. Nem sempre a mãe "sabe". Mas quando escuta, se permite aprender, ressignificar e reconstruir. 👂 E o que isso tem a ver com o Serviço Social? Tudo. Porque atendemos pessoas. Atendemos histórias atravessadas por conflitos, preconceitos, violências e, às vezes, solidão. E muitas dessas histórias têm início — ou impacto profundo — no ambiente familiar. No cotidiano da atuação, seja na assistência, na educação, na saúde ou no...